Dinheiro não compra felicidade,
afirmam os estudos. Mas, será que é apenas isso? Precisamos refletir mais sobre
o assunto.
A OECED, organização para cooperação e
desenvolvimento econômico que elabora critérios e recomendações para promover a
qualidade de vida no mundo inteiro acaba de apresentar o resultado de um
trabalho que mede a felicidade dos cidadãos no índice para viver melhor. E que,
pela primeira vez, inclui o Brasil.
Em uma relação de onze aspectos (moradia,
salário, emprego, comunidade, educação, ambiente, engajamento cívico,
equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho, saúde, satisfação e segurança),
os brasileiros não apresentaram o salário como uma das suas prioridades para
gerar felicidade. Para nós, educação e segurança são mais importantes.
Se você ficou surpreso com o resultado
deste trabalho, saiba que esta constatação não é recente. Em 1974, Richard
Easterlin, economista que então lecionava na Universidade da Pensilvânia,
realizou um estudo cuja conclusão ficou conhecida como o “Paradoxo de
Easterlin”. A sua constatação: a felicidade não costuma estar vinculada com a
riqueza.
Em 1995 e em 2001, Easterlin replicou
o estudo e constatou que o aumento da renda em vários países evoluiu
drasticamente, mas não houve qualquer alteração na felicidade das suas populações.
Ao analisar esses resultados, constato
que eles apresentam apenas um lado da moeda. Tudo bem: dinheiro não trás
felicidade, mas e a falta dele, o que trás? Quais as consequências?
Na organização, sabemos que altos
salários não servem de satisfação para os colaboradores, pois, como é inerente
ao ser humano, somos eternamente insatisfeitos: sempre vamos querer mais. Ou
seja: o nosso salário nunca será suficiente para nós. Ao recebermos um aumento
salarial, no primeiro momento ficamos felizes, mas, em pouco tempo, essa
alteração passará a ser insuficiente. E destaco que isso não é errado. Se não
tivermos ambição (de forma controlada, claro), não vamos querer evoluir,
produzir mais, receber mais pelo nosso trabalho. E isso não pode acontecer.
Entretanto, se por um lado, o dinheiro
não traz felicidade, a sua falta causa impactos negativos no comportamento
humano e, consequentemente, na qualidade do seu trabalho e na sua produtividade.
Como tudo muda, o entendimento sobre
essa situação também mudou. Ou melhor, ampliou. Vejamos: os teóricos modernos afirmam
que baixos índices salariais geram desmotivação. Não concordo com essa visão
simplificada. Se analisarmos com mais atenção, chegaremos à conclusão que, se
por um lado o trabalhador não se sente motivado para trabalhar, por outro lado
se sente motivado, algumas vezes em excesso, para realizar ações que
comprometem a imagem da empresa e geram transtornos para os clientes e usuários,
em busca dos seus objetivos. Situação que ninguém (incluindo todas as
categorias: empregadores, trabalhadores e usuários) deseja.
Se analisarmos, em praticamente todos
os movimentos grevistas, uma das reivindicações estará ligada aos índices de
reajuste salarial.
Assim, reflito sobre quais os fatores
que podem ter gerado tais resultados, pois os estudos citados foram realizados
por instituições de credibilidade inquestionável. O próprio foco da pesquisa? A
cultura que impede de assumir publicamente algumas opiniões? O medo do
respondente de comprometer a sua imagem, mesmo que momentaneamente? Não tenho a
resposta.
Independentemente do que foi dito
aqui, é importante que o líder saiba que o seu colaborador (assim como ele
mesmo), independentemente da sua função, busca a felicidade, em todas as
ocasiões, inclusive no trabalho. Para que isso aconteça, além do cuidado com os
aspectos materiais, outros não materiais de bem-estar humano, tais como as
relações interpessoais, as diferenças individuais, a autonomia, a qualidade de
vida no trabalho, entre outros, precisam bem administrados.
Vivemos um momento de apagão de
profissionais e de preocupação com os bons colabores que não permanecem nas
empresas. Então, leitores e principalmente os líderes, saibam que proporcionar
a felicidade é um instrumento de retenção de talentos.
Assim, busque a sua felicidade de
forma ampla, geral e irrestrita, encontre-a e seja feliz. Que assim, seja!
(*) Odilon Medeiros – Consultor em gestão de
pessoas, professor e palestrante, Mestre em Administração, Especialista em
Psicologia Organizacional, Pós-graduado em Gestão de Equipes, MBA em Vendas
Contato: om@odilonmedeiros.com.br / www.odilonmedeiros.com.br
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