Odilon
Medeiros*
Nem sempre a propaganda é a alma do negócio. Muitas vezes a
sobrevivência das empresas, dos projetos, das relações, entre outros, dependem
do sigilo. Estranha afirmação, não? Mas, é a pura verdade. Vamos comprovar...
Atualmente as empresas investem valores altíssimos em tecnologia para
proteger as informações dos seus clientes. Este é um exemplo onde o sigilo deve
prevalecer.
Como deve ser do conhecimento geral, em toda a história da humanidade nunca
o ser humano obteve tantas informações, vindas das mais diversas fontes. Lidar
com elas nem sempre é uma tarefa fácil. Principalmente no trabalho, pois, nos mais
diversos segmentos, existem colaboradores que estão lidando com informações
confidenciais dos clientes. Sabemos que a manutenção do sigilo, é uma
responsabilidade da empresa. Mas como os gestores estão lidando com esta
situação? Eles estão preparados para evitar, previamente, que as informações
dos clientes tornem-se públicas ou estão agindo de forma reativa?
É importante destacar que, normalmente, o sistema não falha. A maior
parte das falhas na segurança é gerada pelas pessoas (dos clientes, mas também
dos colaboradores). Os hackers, por exemplo, só acessam as informações, por
que, alguém, em algum momento, falhou.
Entretanto não é só através destas falhas que as informações podem vazar.
Muitas vezes um comentário despretensioso, realizado entre um
colaborador com uma pessoa de sua confiança, feito em local público, pode
despertar o interesse de uma terceira pessoa, que pode sequer nem estar
participando do diálogo. Mesmo que não haja demonstração explicita, a conversa
pode ser uma fonte de informações para pessoas mal intencionadas.
Falta de cuidado com as informações, como a impressão de um determinado
relatório deixado sob a mesa ou a falta de orientação sobre a relação com a
imprensa também podem causar danos na imagem da empresa ou do gestor.
Para evitar que essas situações (e outras não citadas) aconteçam, é
importante elaborar um programa de gerenciamento seguro das informações, mas
que esteja além das ferramentas tecnológicas utilizadas para esse fim, como a
biometria, a criptografia e tantas outras. Neste programa haveria foco nos
aspectos comportamentais dos colaboradores.
Diferente? Talvez. Difícil? Nem tanto. Uma opção seria iniciar todo o processo de
forma proativa, elaborando um programa de conscientização do seu pessoal. Esse
programa poderia ser elaborado mostrando a importância de manter sigilo com o
trabalho. Nele, o gestor deve reforçar os benefícios e não as punições. Os
aspectos éticos também devem estar presentes.
O conteúdo poderia ser obtido tomando como base os casos vividos na
empresa ou fora dela. Sempre apresentando o ato e as consequências. Uma boa
dica é pedir que os colaboradores apresentem a maneira como a situação poderia
ter sido evitada através de ações prévias.
É interessante usar a empatia. Perguntar ao colaborador: como você se
sentiria se, ao contratar uma determinada empresa, tivesse os seus dados
sigilosos divulgados? Mostrar que essa é a mesma sensação que o cliente
apresenta e fica registrado na memória (ou nos arquivos) dele.
Para reforçar, é importante discutir com o colaborador o contrato
estabelecido entre a empresa e o cliente, que deve ser honrado.
Ainda neste processo de construção coletiva, e para integrar o gerenciamento
seguro das informações, é recomendado que sejam elaboradas políticas e normas
que visem, principalmente, a educação dos colaboradores. Reforçando que, quando
os colaboradores participam do processo, se sentem responsáveis e se esforçam
para que funcione bem. Situação bem diferente de uma imposição...
Mesmo assim, e apesar disso, é importante deixar o pessoal ciente de
que, de acordo com o Código Penal Brasileiro, a divulgação de informações
sigilosas é crime. E que, para ser considerado como tal, é necessário, muitas
vezes, apenas um simples comentário com pessoas que não estejam envolvidas no
processo.
O leitor deve observar que em nenhum momento se buscou encontrar
culpados. Buscou-se encontrar soluções. Afinal, isso é que é importante e deve
ser divulgado.
(*) Odilon Medeiros – Consultor em gestão de pessoas, Mestre em
Administração, Especialista em Psicologia Organizacional, Pós-graduado em
Gestão de Equipes, MBA em Vendas e palestrante. Contato:
om@odilonmedeiros.com.br.
NOTA DO AUTOR:
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