O Dia internacional das mulheres se
aproxima. Que tal fazer algumas reflexões sobre o papel da classe feminina nas
organizações?
Apesar de toda a evolução, há, ainda,
um paradigma de que lugar de mulher é em casa, cuidando dos filhos e que deve
receber salário inferior, mesmo que na mesma função do homem.
O citado acima faz parte de um cenário
real e pasmem: mundial. Cada cultura com as suas especificidades, mas em todas,
a mesma visão. É surpreendente saber que esse ainda é um entendimento global. E
não exclusivo dos latinos americanos, cujo fator cultural os classifica como
“machistas”.
É facilmente percebível que o
preconceito está presente nas mais diversas organizações, dos mais diferentes
ramos de negócios e nos mais variados países. Logo, no Brasil não seria
diferente.
Os gurus da administração recomendam a
implementação de novas práticas de gerenciamento, valorizando o relacionamento
interpessoal, o trabalho em equipe, a motivação e persuasão em vez de ordem e
controle, a cooperação no lugar de competição exacerbada e a capacidade de realizar
muitas atividades simultaneamente.
Nestas áreas elas se destacam, mas, mesmo
assim, ainda não conseguiram ter reconhecidos seus valores e assegurados os
direitos de igualdade. Muito pelo contrário, o fator gênero ainda é determinante
nas avaliações de desempenho: as mulheres normalmente são prejudicadas.
Entre as muitas questões que buscam
respostas sobr e o desempenho ou
avaliação do trabalho feminino, uma se destaca: por que as mulheres recebem
salários menores que os dos homens? As tentativas de respostas são muitas. Nenhuma
plausível.
Outro ponto para a reflexão, diz
respeito à licença maternidade. Como forma de incentivar a igualdade, a
legislação br asileira poderia ser
revista já que aqui são determinados períodos específicos (e imutáveis) para
homens e mulheres gozarem deste direito. Em alguns países europeus, o prazo
também é estipulado, mas é facultado ao casal decidir quem vai permanecer com o
bebê por um período maior. Essa
possibilidade permitiria, por exemplo, reduzir o preconceito de que as mulheres
ficam um tempo maior fora das suas atividades devido à maternidade. É
importante lembr ar que algumas
empresas, de forma implícita, claro, dão total prioridade à contratação de
solteiras para não se submeterem aos efeitos desta licença.
Pesquisas comprovam que as mulheres,
no tocante à atuação, ainda têm grande representatividade nas atividades de
relacionamento e pouca representatividade nas atividades científicas e
técnicas. Mostram também que as mulheres, estranhamente, estão em ocupações
mais relacionadas à rotina e à monotonia e isso é indicado pelo fato de que
elas são as maiores vítimas de LER/DORT. Além disso, cerca de 40% da força de
trabalho feminina no Brasil ainda está no pólo menos qualificado e de menor
renda.
Outro fator que ainda gera
discriminação, e que envolve não só as mulheres, é a atenção e o cuidado dado
pelos profissionais às suas famílias, pois as empresas gostariam de ter a
atenção exclusiva. Os líderes precisam estar atentos para incentivarem o
círculo virtuoso: a empresa dá condições ao trabalhador de dar atenção a sua
família; essa família se sente privilegiada e motiva o trabalhador a se dedicar
mais; se dedicando mais, há mais produtividade.
A notícia boa é que o rosa começa a se
fortalecer e aparecer em vários setores. Na aviação, por exemplo, as mulheres
atuavam exclusivamente como comissárias, onde o foco é o relacionamento. Agora
elas já comandam as aeronaves e fazem um trabalho eminentemente técnico,
ratificando que não se tratava, portanto, de nenhum fator ligado à capacidade
intelectual. O fato de elas atuarem em
áreas não técnicas devia-se ao fato de que as opções disponibilizadas no mercado
de trabalho para atividades técnicas eram restritas e reservadas
prioritariamente aos homens.
Outra evidência de mudança do papel da
mulher pode ser vista nas instituições de ensino superior já que o número de
mulheres estudando é maior que o de homens.
A posse de diversas presidentas de
nações de vários continentes pode representar mudanças significativas. No
Brasil o destaque é a escolha da nova presidência da Petrobras. É a hora de,
neste embalo, os gestores também gerarem mudanças.
É importante destacar que o intuito
aqui não é incentivar uma guerra entre homens e mulheres. É incentivar a
justiça. Nada mais do que isso.
(*) Odilon Medeiros – Consultor em gestão de pessoas, Mestre em
Administração, Especialista em Psicologia Organizacional, Pós-graduado em
Gestão de Equipes, MBA em Vendas e palestrante. Contato:
om@odilonmedeiros.com.br.
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